Estresse ocupacional atinge 70% dos brasileiros

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Problema originado pelo ambiente de trabalho é uma das principais
causas de perdas nas empresas

“Empresa contrata profissional que saiba lidar com altíssimo nível de pressão”. Esse tipo de requisito tornou-se comum nas corporações brasileiras. Com isso, o estresse ocupacional é hoje uma realidade presente em grande parte das empresas. De acordo com uma recente pesquisa realizada pela International Stress Management Association (Isma), cerca de 70% dos brasileiros sofrem de estresse no trabalho, porcentagem semelhante à de países como a Inglaterra e os Estados Unidos.

Assim como o estresse convencional, a doença é causada por fatores externos: uma reação do organismo à tensão, seja ela física ou mental. O estresse ocupacional, no entanto, tem origem ou pode ser agravado pelas condições existentes no ambiente de trabalho. Seus principais sintomas são perda de apetite; insônia; irritabilidade; dificuldade de concentração; distúrbios de memória; emagrecimento (ou ganho de peso excessivo); sudorese de extremidades (principalmente mãos); sensação de que está sendo observado ou perseguido no local de trabalho e, por vezes, o desenvolvimento do quadro mais grave do estresse, o chamado “distúrbio do pânico”.

Para identificar se um indivíduo sofre de estresse ocupacional, é necessário fazer um estudo detalhado, de preferência com um grupo de trabalhadores da mesma empresa, explica Dr. Aizenaque Grimaldi, Médico Coordenador da PROSEG, instituição especializada em Medicina do Trabalho e Engenharia de Segurança do Trabalho.

“Como o estresse pode ser desencadeado por múltiplos fatores, para ser caracterizado como de origem ocupacional torna-se necessário conhecer o ambiente de trabalho, os ritmos e tempos das funções desempenhadas, chefias, cultura da empresa, como são desenvolvidas as atividades durante a jornada de trabalho, como é o relacionamento entre os trabalhadores, etc.” Além disso, destaca, “é importante se ter também uma noção da vida particular do trabalhador, já que o estresse pode estar sendo gerado no ambiente familiar, no círculo social ou sob outros aspectos da vida do profissional”.

Para as empresas, o estresse ocupacional pode consumir boa parte dos gastos anuais, pois gera acentuada queda de produtividade, refletida nas horas de trabalho perdidas pelo absenteísmo, pagamentos de eventuais horas-extras necessárias, desperdício de material de trabalho, além de custos elevados com assistência médica. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se em US$ 300 bilhões os prejuízos anuais nas empresas por problemas relacionados ao estresse no trabalho. “Pode-se dizer que, atualmente, esse problema é uma das causas principais de aumento dos custos de uma empresa”, afirma Grimaldi.

Solução – Através da medicina já é possível minimizar os efeitos do estresse ocupacional, mas, segundo Grimaldi, o controle do problema deve ser realizado, principalmente, dentro das próprias empresas. “Evitar o problema é quase impossível, já que existem fatores individuais e extra-laborais que também interferem”, diz. O que se pode fazer é tentar harmonizar o ambiente profissional, de forma que as condições de trabalho se tornem agradáveis.

Empresas especializadas na implantação de Programas de Qualidade de Vida utilizam técnicas e mecanismos que vão desde relaxamento até programas de ginástica laboral, por exemplo. Os Programas também englobam mudanças físicas no ambiente de trabalho – como a diminuição das divisórias que restringem o contato entre os trabalhadores; palestras sobre Qualidade de Vida e cuidados com a saúde; apoio psicológico; implantação de programas e atividades recreacionais ou uma área de convivência, entre outros.

Os benefícios com a prevenção do estresse ocupacional relacionam-se diretamente com o aumento da produtividade e, conseqüentemente, dos lucros. Além, claro, de propiciar uma melhora considerável no ambiente profissional. No Brasil, os principais fatores que contribuem para a demanda excessiva de agentes estressores no trabalho são: redução de mão-de-obra sem redução da quantidade de trabalho; inflação; custo de vida; incertezas no painel econômico nacional; concorrência de empresas com maior tecnologia ou menor preço – tudo isso se reflete na vida da empresa; responsabilidades e atribuições excessivas; falta de apoio.

Fonte: Dr. AIZENAQUE GRIMALDI DE CARVALHO – presidente da Sociedade Paulista de Medicina do Trabalho (SPMT) e membro da Diretoria Executiva da ANAMT (Associação Nacional de Medicina do Trabalho).

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