Ética, Negócios e Resultados

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Quantas vezes nossos familiares fizeram um encontro para discutir princípios éticos? Quantas vezes na escola nossos professores discutiram ética sistematicamente? Quantas vezes nossos amigos se encontraram para discutir ética? Quantas vezes houve reuniões estruturadas na empresa para discussão exclusivamente de ética?

A resposta para essas questões é: Poucas vezes ou nenhuma vez!

Se não aprendemos ética na família; se não aprendemos ética na escola; se não aprendemos ética com os amigos; se não aprendemos ética no trabalho, como sabemos ética? Na verdade, há uma confusão profunda entre os conceitos de ética, que trata do bem e mal universal; com os conceitos de moral e conduta, que tratam do certo e errado particular. Como ética não está na agenda do dia de todos nós, pouco discutimos, e por isso pouco sabemos.

Falando especificamente das organizações, a ética também não é objeto de discussão do dia a dia como são discutidas outras questões como: planejamento, resultados, mercado, colaboradores etc. Na verdade, em empresas de maior porte a discussão sobre ética acaba terminando na formulação de um Código de Conduta, equivocamente chamado de "Código de Ética". Esse "Manual" existe para coibir algumas práticas equivocadas por parte de alguns colaboradores. Problemas como furto, quebra de equipamento, acesso às redes sociais, atrasos, faltas excessivas, relacionamentos amorosos, vantagens obscuras, favorecimentos de fornecedores, entre outros. Tudo isso são só aspectos morais e legais que necessitam mais de orientação e desenvolvimento de consciência do que um simples "manual" que acabará no fundo das gavetas.

A discussão ética é outra coisa. Ela tem como foco a relação de bem/mal entre todos na empresa e fora dela. A discussão ética promove o aumento da consciência em busca de um significado maior sobre a existência de todos nós e da empresa. Afinal, para quê você existe? Para quê a empresa existe? A discusão ética ajudará a entender que a resposta não é apenas: ganhar dinheiro e ser feliz. Isso é uma pequena parte da postura ética. A outra parte, e a mais importante, foca na razão essecial da existência. Trata do legado que vamos deixar para as futuras gerações e de que forma faremos isso. No fundo, queremos ser referência ética para todos que virão. É muito ruim pensar que nossos filhos dêem exemplos de postura ética utilizando outras pessoas que não nós, não é mesmo?

Uma empresa que discute ética de forma sistemática e estruturada não precisa criar manuais de boas práticas. Ela aposta que, ao aumentar o nível de consciência, as pessoas agirão de forma ética naturalmente com todos os agentes do holograma: acionistas, fornecedores, colaboradores, clientes, imprensa, governos etc.

Tratar as pessoas de forma ética é entender que as pessoas são sujeitos e não objetos. São fins e não meios. Essa postura mais humanística contribui para criação da imagem de marca de uma organização de forma ímpar. Organizações que assumem estrategicamente a ética como fio condutor, trilham o caminho mais difícil de se obter resultados. O mundo é formado muito mais por predadores do que por pessoas mais conscientes. Por outro lado, o fio condutor da ética gera valor perene. A empresa e seus profissionais se transformam em verdadeiros "inspiradores" para todo o entorno.

No fundo, queremos nos relacionar e fazer negócios com pessoas e companhias éticas. Prestigiaremos essas pessoas e empresas e até perdoaremos alguns deslizes, pois entenderemos que a intencionalidade dessas pessoas e empresas é a melhor para todos. Se não é possível me atender (como consumidor) do jeito que eu quero é porque existem argumentos éticos superiores que, com a devida explicação, eu tenho tendência a compreender.

Quando perguntamos para as pessoas- incluindo aqui as empresas-, Quem é você quando ninguém está olhando? A resposta de uma pessoa ética: O(A) mesmo(a). A resposta de quem não está nem aí com tudo isso é: Veja bem…

Francisco de Assis Sobrinho é Filósofo, Professor de Ética e Consultor.

Fonte: ClienteSA

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